Notícias

6/recent/ticker-posts

Dolár x Lula: Especialistas respondem se anúncio da redução de gastos resolve problema da alta da moeda americana

 

Divulgação / Pixabay

Um dos assuntos mais discutidos no momento é o anúncio da redução de gastos, realizado pelo Governo Federal. Especialistas, entre economista, empresários e executivos, repondem se os cortes financeiros resolvem o problema da alta do dólar.

De acordo com José Alfaix, economista da Rio Bravo, “o ajuste fiscal proposto via revisão cadastral dos benefícios e programas assistenciais do governo ajuda, mas o problema demanda mais do que um mero pente fino. O presidente parece ter sido informado sobre o impacto de seus comentários e falas sobre o Banco Central e a especulação em torno do dólar, e mostrou uma postura diferente ontem".

E continuou ao explanar: "Com falas firmes sobre responsabilidade fiscal e cumprimento do arcabouço, ainda deixou de mencionar que vai parar de falar sobre o dólar para focar no “arroz e feijão”. A postura do presidente deixa de atrapalhar, pois o mérito do movimento de baixa do dólar é devido à perspectiva de desaceleração econômica nos EUA, evidenciada pelos dados de emprego e atividade divulgados na quarta-feira, o que causou o achatamento da curva longa de juros”.

Para Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, “a medida anunciada pelo governo Lula e pelo ministro Fernando Haddad de cortar R$ 25,9 bilhões em despesas é uma tentativa clara de reafirmar o compromisso com a responsabilidade fiscal e controlar a alta do dólar. Este corte é um passo importante para mostrar ao mercado que o governo está disposto a tomar ações concretas para equilibrar as contas públicas e reduzir o déficit orçamentário".

Murad expressa ainda que, "ao reduzir despesas, o governo sinaliza que está comprometido com a meta fiscal e com o arcabouço estabelecido, o que pode ajudar a restaurar a confiança dos investidores e estabilizar a moeda. No entanto, é importante que essas medidas sejam acompanhadas por uma comunicação clara e consistente para evitar ruídos que possam gerar incerteza no mercado. Para que o governo consiga cumprir o arcabouço fiscal, os próximos passos devem incluir um monitoramento rigoroso das receitas e despesas e manter um diálogo aberto e transparente com o mercado, reforçando seu compromisso com a estabilidade fiscal e a sustentabilidade das contas públicas. Essas ações combinadas podem ajudar a criar um ambiente mais previsível e estável, essencial para atrair investimentos e fortalecer a economia".

Segundo Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, “esse anúncio feito pelo Haddad ontem à noite é uma boa sinalização, sem dúvida nenhuma. Acho que junto com o anúncio veio a calmaria do Lula, pois parou de atacar o BC e assumiu um compromisso fiscal. Esses 25.9 bilões de cortes anunciados a gente não sabe exatamente da onde vai sair e como que vai ser feito; mas a sinalização é super positiva e é claro que o mercado vai dar uma arrefecida sobre isso. O dólar já está caindo hoje 1,5% e caiu ontem 1,70". 

O especialista se posiciona de forma categórica ao afirmar: "Você percebe que é só a mudança de comunicação e a sinalização que vão perseguir a meta fiscal, vão buscar cumprir o arcabouço é muito positivo. Claro que isso, por enquanto, foi só uma sinalização, não foi uma ação; então nesse primeiro momento o mercado sim vai reagir positivamente e aliviar o BC que não vai precisar fazer nenhum tipo de swap, alivia o cenário como um todo e tira todo o ruído, só que não pode haver demora para ter algum tipo de ação concreta, pois o mercado pode voltar a estressar".

De acordo com Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike,"o governo mostrou uma postura firme de fiscalização sobre as despesas anunciando o corte de de R$ 25,9 bilhões em benefícios sociais já para 2025, sinalizando uma revisão detalhista do orçamento. Uma medida fundamental para equilibrar as contas públicas e ter compromisso com o arcabouço fiscal do país, e assim também acalmar o mercado. Tanto é que o dólar baixou para R$ 5,47 após esse anúncio".

"Dentre as medidas a serem tomadas para o compromisso fiscal, essa sem dúvidas é a mais importante. Mas além disso, o governo deve: - adotar medidas que impulsionem as receitas do país; - analisar com sabedoria possíveis arrecadações, sem que prejudique o mercado ou ocorra bitributação - e, com certeza, manter esse compromisso de cortar os gastos e de fato mantê-lo até o final de 2025", complementa Eyng.

Já André Colares, CEO da Smart House Investments, diz que "a recente medida anunciada pelo governo Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de cortar R$ 25,9 bilhões em despesas, é um esforço significativo para tentar controlar a alta do dólar e demonstrar um compromisso com a responsabilidade fiscal. Esta ação visa estabilizar o câmbio e reduzir a volatilidade que tem impactado negativamente a economia brasileira. A decisão de implementar cortes substanciais nas despesas é uma resposta à crescente preocupação com a trajetória fiscal do país e a necessidade de restaurar a confiança dos investidores".

Para o CEO, "a medida é positiva na medida em que mostra a intenção do governo de cumprir as metas estabelecidas no novo arcabouço fiscal e de manter a inflação sob controle, elementos essenciais para a estabilidade econômica. No entanto, o sucesso dessa medida dependerá de sua execução eficaz e de outras ações complementares. Os próximos passos para o governo incluem a implementação de reformas estruturais que possam garantir um crescimento sustentável e a revisão de políticas que possam contribuir para um ambiente econômico mais previsível e confiável".

Em sua opinião, "é crucial também que o governo mantenha um diálogo transparente com o mercado, comunicando claramente suas intenções e ações para evitar especulações que possam desestabilizar ainda mais o câmbio. Além disso, o governo precisa trabalhar em conjunto com o Banco Central para alinhar a política monetária e fiscal. Isso inclui garantir que as metas de inflação sejam atingidas sem comprometer o crescimento econômico. A adoção de políticas que incentivem o investimento estrangeiro e a melhora do ambiente de negócios são igualmente importantes para atrair capital e fortalecer a economia".

Felipe Vasconcellos, sócio da Equss Capital, esclarece que "embora não se saiba exatamente de onde virão os cortes de 25,9 bilhões anunciados, a sinalização foi positiva e o mercado já reagiu de acordo. O dólar caiu 1,7% ontem e mais 1,5% hoje, evidenciando a influência de uma mudança de comunicação e o compromisso com a meta fiscal".

E finaliza: "Essa postura alivia o Banco Central, que não precisará realizar swaps cambiais, e melhora o cenário geral, reduzindo ruídos. Contudo, vale a pena lembrar que essa reação positiva do mercado depende de ações concretas e rápidas, caso contrário, o estresse pode retornar", argumenta  Vasconcellos.


por Verônica Macedo

veronica.macedo@bnews.com.br

Postar um comentário

0 Comentários