Notícias

6/recent/ticker-posts

Combinação de juro alto e estabilidade dos serviços derrubam projeções de crescimento para 2023

 

Colheita do milho. Foto: Agência Brasil

A combinação de juros elevados e esgotamento da demanda reprimida por serviços, que freou a economia no fim de 2022, vai continuar a agir neste início de 2023. O desempenho do agronegócio pode atenuar o cenário ruim e levar a um crescimento de cerca de 0,8% neste ano, conforme pesquisa do Projeções Broadcast, ante 2,9% no ano passado.

Especialistas dizem que alguns elementos novos podem agravar o quadro. Um deles é a incerteza sobre os rumos da política econômica. O governo federal ora sinaliza com a antecipação da apresentação de novas regras para equilibrar as contas públicas, ora discursa contra a política de juros e a independência do Banco Central (BC) e fala em aumento de gastos.

Outro obstáculo é o escândalo da Lojas Americanas, que pediu recuperação judicial em janeiro, após revelar que deixou de lançar dívidas de R$ 20 bilhões em seus balanços.

Para Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, o rombo na varejista pode levar a uma retração na concessão de empréstimos pelos bancos, o que resultaria numa crise de crédito, mesmo que passageira.

Em relatório da última terça-feira, analistas do BTG Pactual disseram que a crise na Americanas atrapalha a emissão de títulos de dívida de grandes empresas no mercado.

Elevação dos juros

Tanto a crise da Americanas quanto os ruídos em torno da política econômica já implicaram a elevação dos juros de mercado de médio e longo prazos, encarecendo empréstimos para empresas e famílias, mesmo com a taxa básica de juros, a Selic, estável em 13,75% ao ano desde setembro. “A curva futura de juros, quando a gente compara com o período eleitoral, subiu bem, ou seja, está muito mais caro em relação ao que a gente tinha no fim do ano passado para se financiar, seja para o Tesouro, seja os agentes privados”, afirmou a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria.

Agropecuária ajuda

O quadro de 2023 só não será pior por causa da agropecuária. O PIB do setor recuou 1,7% em 2022, por causa da quebra da safra de soja, atingida pela forte seca na região Sul do País. A estiagem voltou neste ano, mas menos intensa e restrita ao Rio Grande do Sul. Com isso, as projeções apontam para um novo recorde na produção nacional de grãos em 2023.

O sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, trabalha com a perspectiva de um avanço entre 7% e 8% no PIB da agropecuária este ano. “O que vai puxar o PIB da agropecuária em 2023 é que devemos colher uma safra recorde de soja, apesar dos problemas no Rio Grande do Sul. Temos visto produtividades muito boas no resto do País”, afirmou Hausknecht.

Estadão Conteúdo

Postar um comentário

0 Comentários