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Não existe consenso para renda média na economia atual

 

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Haverá golpe? Não, dizem muitos. Nossas instituições são ainda fortes o suficiente para suportar a democracia, e uma ditadura militar não teria o apoio da maior parte da população. A resposta pode ser tranquilizadora, mas é a pergunta que assombra. É vergonhoso que quase seis décadas após o último golpe militar esse tema continue na agenda.

Na economia, também caminhamos em círculos. Números do Banco Mundial mostram que a renda per capita do Brasil em 1990, em dólares constantes e ajustada à paridade do poder de compra, era 26% da renda americana e 108% da renda média do mundo. No ano passado, nossa renda média era 23% da renda per capita dos Estados Unidos e 85% da renda per capita do mundo. Ficamos para trás.

Há tempos os economistas se digladiam sobre a suposta existência de uma armadilha da renda média. A tese é que os países enfrentam um esmorecimento nas taxas de crescimento quando a renda per capita atinge algo como US$ 11 mil (a barreira muda conforme o estudo).

As evidências estatísticas não são contundentes, já que há notórias exceções, mas a tese é intuitiva. A convergência com os países ricos ficaria cada vez mais difícil porque os de renda média não têm o mesmo avanço tecnológico e já não podem contar com os salários baixos, a rápida urbanização e o crescimento demográfico típico das nações mais pobres.

No começo do processo de industrialização, o avanço é acelerado, já que é mais fácil imitar do que inventar (como mostra, aliás, o festejado quadro de Pedro Américo sobre a Independência do Brasil, uma escandalosa cópia de uma obra do pintor francês Meissonier, com d. Pedro I no lugar de Napoleão).

Mas copiar não basta e nossas políticas econômicas acabam virando presas fáceis de interesses corporativos ou setoriais. Essa é a marca de nossa história recente. O Estado, balofo, fraco e poroso, se transformou em uma máquina de distribuir apanágios e regalias, com o que se mostra incapaz de construir um projeto de desenvolvimento nacional que nos tire do pântano.

A linha demarcatória entre interesses públicos e privados fica borrada, ainda mais em um governo inepto como o atual. O fato de esse tema estar alijado das manifestas prioridades dos principais candidatos prenuncia que não sairemos da armadilha da mediocridade tão cedo. Assim, o futuro fica cada dia mais longe.

Estadão Conteúdo

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