Notícias

6/recent/ticker-posts

Adoção do Enem pela USP faz vestibulandos mudarem estratégia de estudo

ctv-6zb-andre-fernando-werther-santana: Fernando, de 21 anos, adotou nova estratégia: se concentrou no estudo das últimas provas do Enem, não da FuvestEntrar na Universidade de São Paulo (USP) é tarefa difícil, mas neste ano parte dos candidatos terá duas chances para conquistar a vaga. Além da Fuvest, tradicional método de ingresso, a instituição vai adotar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para preencher 13,5% das 11.057 cadeiras. A novidade faz com que vestibulandos mudem estratégias de estudo e revejam cálculos das notas de corte. 
Ao longo de 2015, cada faculdade da USP decidiu se usaria o Enem como vestibular alternativo. Dos 144 cursos, 85 usarão o exame federal, além da Fuvest. As cadeiras serão disputadas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma digital do Ministério da Educação que reúne vagas no ensino superior público. O total de vagas via Enem varia em cada graduação. O modelo será adotado no vestibular 2016 de modo experimental.
Após três tentativas frustradas na Fuvest, André Fernando, de 21 anos, ex-aluno de escola pública, agora aposta no exame federal. “Nunca fui aprovado para a segunda fase da Fuvest. Além de ser conteudista, a prova é muito concorrida”, diz. “Meu foco sempre foi a USP, mas no Enem me dei melhor nos outros anos.”
Em vez de provas anteriores da Fuvest, como havia feito nos outros anos, Fernando se concentrou em questões antigas do Enem nesta preparação.
Até a graduação pretendida mudou: de Publicidade para Marketing, na USP Leste. A primeira, além de ter concorrência e nota de corte maiores, não ofertará vagas pelo Enem. “Marketing é um curso mais simples de entrar e da mesma área. Além disso, posso tentar transferência depois”, explica o jovem. Mas ele não tem ilusões de que a tarefa será fácil. “Como eu, muitos vão com tudo no Enem para entrar na USP.”
As carreiras top da universidade, na maioria, ficaram fora da lista de ingresso via Enem, como Medicina da capital e a Escola Politécnica. Mas algumas escolas tradicionais investiram na medida, como Direto do Largo São Francisco e Medicina de Ribeirão Preto.
Outra diferença é no tipo de reserva de vagas. Cerca de 77% das cadeiras pelo Sisu serão exclusivas para alunos da rede pública. Das vagas pelo Sisu, a reserva para pretos, pardos e indígenas de escola pública é de 15% - e é a primeira vez que a USP adota cota racial. Apenas os dez cursos da USP Leste e outros três do câmpus do Butantã optaram por considerar a cor do candidato na seleção.
A estudante Victoria Santelo, de 18 anos, prioriza seus estudos na Fuvest, embora pretenda fazer Letras, curso que também oferece vagas pelo exame federal. “Se eu estudo para a Fuvest, que é bem mais complexa, também me preparo para os outros vestibulares”, explica a ex-aluna da rede pública, que vai tentar a vaga pelas duas provas. “No Enem, são muitas questões em que é possível interpretar o texto”, diz. “A Fuvest cobra fórmulas. Se você não souber, fica sem responder a questão.”
Preparação. Márcio Guedes, coordenador do Curso Poliedro de São José dos Campos, concorda que alunos de escola pública devem ter mais facilidade com o Enem. “Comparado com a Fuvest, o exame propicia um rendimento melhor para esse grupo”, avalia. Para Alessandra Venturi, do Cursinho da Poli, a preferência por Fuvest ou Enem depende do perfil do aluno. “Alguns sentem mais facilidade com a Fuvest por ser uma prova que vai mais direto ao ponto.”
É fundamental entender as diferenças entre os estilos dos testes. Simulados e questões de provas anteriores dão pistas sobre o tipo de cobrança - e algumas questões são quase as mesmas de uma edição para a outra. Também é importante cuidar para que a ansiedade de uma prova não interfira na outra. “A distância entre as provas é pequena, então é importante trabalhar o lado psicológico”, diz Alessandra. A prova do Enem ocorre nos dias 24 e 25 e a primeira fase da Fuvest será no dia 29 de novembro. (Estadão)

Postar um comentário

0 Comentários