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Médico passa mal durante treinamento do Exército; mãe da vítima diz que houve "relatos de tortura"

 

Reprodução / Google Maps

Um médico, de 23 anos, foi internado na UTI do Hospital Esperança, em Recife (PE), na última quarta-feira (8). Ele passou mal durante um treinamento num batalhão do Exército na capital pernambucana. De acordo com a família, o médico sofreu fadiga por excesso de esforço, teve os rins comprometidos e não consegue andar. O caso é investigado pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe).

Exército informou que um médico passou mal durante uma capacitação no 14º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Jaboatão dos Guararapes - subordinado à 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, no Curado, na Zona Oeste do Recife.

A mãe do médico, Kary Nogueira, contou ao G1 que há relatos de "tortura" no treinamento realizado pelo filho e por colegas dele. De acordo com ela, somente no aquecimento, ele fez 200 polichinelos, exercício utilizado para alongar braços e pernas.

“Em três quilômetros de corrida, caiu três vezes. Deram tapas nas costas para ele continuar. Na quarta queda, não levantou mais”, declarou Kary.

Durante a entrevista, a mãe do médico disse que, desde o começo da história, a postura do Exército causou indignação. Ela contou que na manhã da última quarta (8) recebeu uma ligação de integrantes da 10ª Brigada de Infantaria, onde ocorria o treinamento para futuros oficiais do quadro de profissionais de saúde.

médico e seus colegas de profissão foram convocados para se preparar para assumir um cargo de oficial nos quadros de saúde da corporação.

“Por volta das 8h, me ligaram e foram perguntando se meu filho usava drogas ilícitas. Ele estava na UPA [ Unidade de Pronto Atendimento] de Jaboatão Velho, perto do batalhão”, lembrou.

De acordo com Kary, ao chegar na unidade de saúde, seu filho "estava amarrado e desorientado. Muito ofegante e com batimentos cardíacos acelerados. Descompensado”, relatou a mãe.

Em seguida, ele foi transferido para a UTI do Hospital Esperança, na Ilha do Leite, no Recife. Chegou à unidade de saúde pouco depois do meio-dia de quarta. “Ele estava com quadro de desidratação intensa”, acrescentou Kary.

Após diversos exames, de acordo com a mãe da vítima, os médicos detectaram que houve uma hipóxia severa, que ocorre quando há falta de oxigênio no corpo. "Foi fadiga por excesso de exercícios físicos. Além disso, os colegas não tiveram autorização para fazer o socorro dele", observou.

Segundo Kary, os colegas do seu filho acionou o Cremepe e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe).

"Quando ele melhorar, vamos avaliar quais providências serão tomadas. Isso não pode ficar assim. Alguém tem que ser responsabilizado. isso parece que é rotina lá e não pode se repetir. Ele queria servir e aconteceu isso”, declarou a mãe.

Em nota, a Cremepe informou que, na tarde desta quinta (9), realizou a denúncia para a instauração de uma sindicância para "apurar o ocorrido".

“Todos os expedientes correm em sigilo processual, para não comprometer a investigação, e segue o que estabelece o Código de Processo Ético Profissional (CPEP)”, informou o comunicado.

Nota do Comando Militar do Nordeste

Através de nota, o Comando Militar do Nordeste (CMNE) disse que o aspirante a oficial "sentiu-se mal durante uma sessão de Treinamento Físico Militar, prevista no contexto do Estágio de Adaptação ao Serviço" e foi "imediatamente socorrido pela equipe médica que acompanhava o treinamento", que resolveu transferi-lo para a unidade de saúde mais próxima, com estrutura para diagnóstico.

Cadastrado por Bruno Guena

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