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S&P rebaixa nota da Americanas para ‘D’, de default

 

Mauri Pimentel/ AFP

A S&P Global rebaixou a nota de crédito da Americanas de “B” (na escala global) e de “brA-” (na escala nacional Brasil) para “D”, o que significa situação de default (calote), segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (16).

Os analistas da agência mencionam que a mudança na nota de rating ocorre após a empresa ter recebido da Justiça a tutela de urgência, que suspendeu por 30 dias o bloqueio de ativos da empresa por credores e a execução de dívidas, incluindo o pagamento de juros.

“Em nossa visão, embora a tutela ainda não represente uma recuperação judicial, é um passo inicial rumo a ela”, escrevem os analistas.

“Essa tutela cautelar pode ser utilizada em preparação para uma eventual recuperação judicial da dívida. Caso a Americanas não siga esse caminho, a outra possibilidade, em nossa opinião, seria chegar a um acordo com os credores para reestruturar sua dívida, o que consideraríamos um ‘default’ de fato, dadas as atuais condições de estresse da empresa”, segue o comunicado.

Sérgio Rial, ex-presidente da empresa, foi oficialmente substituído nesta segunda na tarefa de tentar acalmar bancos credores e investidores

Além disso, a análise da S&P Global menciona que a empresa anunciou nesta segunda-feira a contratação da Rothschild & Co para renegociação de toda a sua dívida.

Ainda de acordo com o comunicado, os fatores de governança têm um impacto muito negativo na análise de rating de crédito da Americanas.

“A empresa anunciou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões (em comparação com a dívida financeira do balanço patrimonial de R$ 24 bilhões), o que, em nossa visão, indica graves falhas de governança.”

Os analistas também lembram que a empresa apontou que essas inconsistências existiam há vários anos, “indicando baixos níveis de transparência e deficiências nos controles internos e na gestão de riscos da empresa.”

Na sexta-feira, a S&P havia reduzido o rating da Americanas de ‘BB’, um grau abaixo do nível de investimento, para ‘B’ e colocou a nota em perspectiva negativa, sinalizando que novos cortes seriam possíveis no curto prazo.

A agência de risco Fitch também havia rebaixado a nota de crédito da Americanas, na escala global de “BB” para “CC”, e de “AA+(bra)” para “CC” na escala nacional, dois níveis acima do patamar de inadimplência (“D”).

Como reflexo, os papéis da varejista voltaram a derreter nesta segunda-feira, acompanhando as incertezas quanto ao futuro da empresa. A ação ordinária da Americanas (AMER3) caiu 38,41%, cotada a R$ 1,94.

Na última sexta-feira, a ação fechou cotada a R$ 3,15, com os investidores ainda tentando entender o que aconteceria com a empresa nos dias posteriores.

Fundada em 1929, a Americanas detém um portfólio diversificado de produtos, incluindo eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, UD, brinquedos, roupas e alimentos. As operações online geram de 50%-60% do total de vendas.

A revelação pela companhia de inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões mobilizou especialistas em contabilidade que tentam entender como um rombo desse tamanho passou despercebido em uma das maiores empresas de varejo da América Latina.

Especialistas em contabilidade ouvidos pela agência de notícias Reuters dizem manter um grau de ceticismo sobre as explicações divulgadas até agora e apontaram falta de detalhamento no balanço da empresa, ainda que tenham destacado a necessidade da divulgação de mais informações sobre as inconsistências, inclusive com relação à origem dos fatos.

Por FolhaPress

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