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Chineses começam a planejar viagens com o fim da quarentena obrigatória

Foto: SILVIO AVILA / AFP

Os chineses iniciaram o processo de reservas de viagens ao exterior nesta terça-feira (27), depois que as autoridades anunciaram o fim em breve da quarentena obrigatória no retorno ao país, uma medida em vigor há quase três anos.

Na segunda-feira à noite, o governo anunciou que a partir de 8 de janeiro as pessoas procedentes do exterior não serão obrigadas a permanecer em quarentena quando chegam à China, mais um passo para desmantelar a política de ‘covid zero’ que gerou protestos no país nos últimos meses.

A flexibilização das medidas também provocou um aumento expressivo de casos a nível nacional, a tal ponto que as autoridades afirmaram que é “impossível” rastrear o número de contágios e pararam de publicar balanços diários da doença.

A Comissão Nacional de Saúde também modificou o critério para contabilizar as vítimas da covid-19, passando a registrar apenas as pessoas que faleceram vítimas de insuficiência respiratória provocada pela infeção, o que segundo os analistas vai dissimular o número de óbitos do atual surto.

Os chineses celebraram nas redes sociais o fim das restrições que deixaram o país praticamente isolado do resto do mundo desde março de 2020.

“Acabou (…) A primavera está chegando”, afirma um dos comentários mais curtidos na rede Weibo, o equivalente ao Twitter na China.

As pesquisas por voos para o exterior dispararam depois do anúncio, informou a imprensa estatal. A plataforma de viagens Tongcheng registrou um aumento de 850% nas buscas e de 1.000% nos pedidos de informações sobre vistos.

A plataforma Trip.com afirmou que o volume de pesquisas aumentou 10 vezes na comparação com o mesmo período do ano passado apenas meia hora após o anúncio do governo.

Os destinos mais procurados são Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul, de acordo com a empresa.

“Preparando minha viagem ao exterior!”, escreveu um chinês no Weibo. “Espero que o preço das passagens não aumente de novo”, afirma outro comentário.

Desde o início do mês, a China decidiu acabar com a maioria das restrições de sua política de “covid zero”, que incluía testes em larga escala, confinamentos severos e longas quarentenas em complexos do governo.

“A sensação generalizada é simplesmente de alívio”, declarou Tom Simpson, diretor para a China do Conselho de Negócios China-Reino Unido. “Acaba com três anos de perturbações muito significativas”, acrescentou.

O retorno a uma operação de negócios normal será “gradual”, com a organização de mais voos para a China por parte das companhias aéreas durante 2023. 

“O anúncio é muito bem-vindo”, insistiu Simpson.

Autoproteção e cooperação

Desde março de 2020, todos os passageiros que desembarcam na China eram obrigados a permanecer em quarentena em instalações controladas pelo governo. De maneira paulatina, o período de isolamento foi reduzido: inicialmente de três semanas, caiu para cinco dias no mês passado. 

Algumas restrições, no entanto, permanecem em vigor e a China mantém a suspensão da maioria dos vistos para turistas estrangeiros e estudantes desde o início da pandemia.

O fim da quarentena acontece antes de dois grandes feriados no próximo mês, quando milhões de pessoas devem viajar a suas cidades natais para encontros de família.

Ao mesmo tempo, hospitais e crematórios estão superlotados com pacientes vítimas de covid. Algumas projeções indicam que um milhão de pessoas podem morrer devido à doença nos próximos meses.

As grandes cidades enfrentam uma escassez de remédios e os centros médico e os centros médicos enfrentam o desafio de atender pacientes idosos que não foram vacinados.

As autoridades afirmam que o país está preparado para enfrentar a tempestade e pedem à população que assuma a responsabilidade pela própria saúde.

“Precisamos que a população se proteja de maneira adequada e continue cooperando com a implementação das medidas relevantes de prevenção e controle”, declarou Liang Wannian, epidemiologista e diretor do grupo de especialistas da Comissão de Saúde responsável pela gestão da pandemia de covid-19, à agência estatal Xinhua.

“Precisamos mudar o foco do nosso trabalho da prevenção e controle da infecção para o tratamento médico”, completou.

© Agence France-Presse



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