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Setembro Amarelo: Saiba quando a Síndrome de Burnout requer afastamento do trabalho

Marcelo Camargo/Agência Brasil 

 Imagine sentir um enorme esgotamento físico e mental em razão do trabalho, a ponto de, literalmente, não conseguir mais trabalhar. É assim que se sentem pessoas diagnosticadas com a chamada Síndrome de Burnout. O distúrbio psíquico passou a ser considerado doença ocupacional no dia 1º de janeiro de 2022, após ter sido incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em entrevista ao BNews, a médica psiquiatra Sandra Peu deu detalhes sobre o distúrbio e informou quando a condição requer do profissional o afastamento do trabalho. De acordo com a especialista, para a OMS, o burnout não é uma condição médica, mas um fenômeno ligado ao trabalho.

“Necessariamente relacionado ao trabalho, o burnout é um transtorno que se desenvolve gradualmente por conta de desajustes entre o trabalho e o indivíduo submetido a situações de estresse constante ou prolongado no ambiente de trabalho”, explica Sandra.

Causas

A condição para o desenvolvimento de burnout, segundo a médica, pode estar relacionada a diversos fatores. “Depende tanto dos fatores externos ao indivíduos, como a obrigação de longas jornadas de trabalho, metas inatingíveis, trabalho exaustivo, desvalorização no trabalho, má relação interpessoal, etc, como também depende da capacidade de resiliência do indivíduo e da sua relação com o trabalho, como alta cobrança pessoal de desempenho, baixa autoestima, ter como núcleo dos interesses pessoais o trabalho, etc”, informou.

Sintomas

De acordo com Sandra Peu, em caso de Síndrome de Burnout, a pessoa pode apresentar sintomas iguais aos da depressão e de ansiedade, entre eles:

• Cansaço excessivo físico e mental;
• Dores de cabeça e no corpo;
• Alterações no apetite;
• Insônia;
• Dificuldades de concentração;
• Palpitações;
• Falta de perspectivas.

Além da necessária relação com o trabalho, pode-se identificar:

• Exaustão: a sensação de que a pessoa está indo além de seus limites e desprovida de recursos, físicos ou emocionais, para lidar com as situações;

• Ceticismo: a reação constantemente negativa diante das dificuldades, a falta de interesse no trabalho, ou, ainda, a falta de preocupação com os resultados. O ceticismo é uma forma de insensibilidade, que pode ser agressiva mesmo em relação a amigos e familiares;

• Ineficácia: a sensação de incompetência, que ocorre quando a pessoa se sente sempre desqualificada, pouco reconhecida e improdutiva.

Conforme aponta a médica, dois resultados da presença desses elementos são o “absenteísmo”, quando a pessoa começa a faltar demais ao trabalho, ou o “presenteísmo”, que ocorre quando o indivíduo vai trabalhar mas está mentalmente ausente ou com o pensamento distante das atividades que realiza.

Diagnóstico

O diagnóstico desta condição pode ser dado pelo médico, preferivelmente por médico psiquiatra, por médico do trabalho ou por médico perito. “É importante lembrar que a condição de burnout não é uma doença e pode acontecer adoecimento mental no contexto de burnout”, destacou Sandra.

Tratamento

O tratamento é realizado preferivelmente por médico psiquiatra. “Deve abranger a cobertura terapêutica da doença mental que se apresentar no contexto do burnout mas, além disto, auxiliar o indivíduo a reorganizar sua relação com o trabalho. A psicoterapia cognitivo-comportamental é de grande ajuda nesta reorganização”, orienta a médica.

Quando se afastar do trabalho

Segundo a psiquiatra, o médico que estabelece o diagnóstico e propõe o tratamento para a Síndrome de Burnout vai identificar a necessidade ou não de o paciente se afastar do trabalho e por quanto tempo.

“Os motivos para afastar ou não do trabalho são variados e se relacionam desde como se apresenta o adoecimento mental até o ambiente de trabalho da pessoa. Existem, até mesmo, pessoas que recusam o afastamento do trabalho e que o afastamento pode causar mais dano que benefício. O trabalho conjunto entre médico assistente e médico do trabalho costuma ser muito positivo e mudanças no contexto de trabalho podem ser realizadas”, afirma.

O que fazer ao identificar os sintomas

Sandra Peu explica, ainda, que diante de sinais ou sintomas de adoecimento mental, inclusive no caso da Síndrome de Burnout, deve-se procurar um psiquiatra. “Em consulta médica será avaliada a relação entre a pessoa e o seu trabalho”, finalizou a médica.

Beatriz Araújo  

BNews

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