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Porto de Galinhas: Inquérito descarta troca de tiros e aponta que só PMs fizeram disparos que mataram criança

 

Arquivo Pessoal 

O inquérito policial que investigou a morte da menina Heloysa Gabrielle, de 6 anos, em Porto de Galinhas (PE), em março deste ano, apontou que não houve troca de tiros e que só policiais do Batalhão Policial de Operações Especiais (Bope) fizeram disparos. Segundo o documento, também há "claros indícios de fraude processual praticada pelos agentes públicos policiais militares".

A menina brincava na frente da casa da avó quando foi atingida pelos disparos e morreu. O caso Heloysa causou uma onda de protestos e repercussão nacional, por causa da brutalidade policial apontada pelos moradores da região.

Nesta terça-feira (16), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou por homicídio qualificado o cabo Diego Felipe de Franca Silva, que disparou o tiro que matou a criança. Na denúncia, o órgão estadual indicou que houve uma ação que resultou em "perigo comum" e que houve "erro de execução".

De acordo com o G1, que teve acesso a uma representação que pediu o afastamento do cabo Diego Felipe, o delegado Ítalo Schneider considerou, a partir de diversas perícias e de uma reprodução simulada do caso, que "ficou claro" que o homem perseguido pelo Bope não atirou na PM.

Segundo a reportagem, o homem citado pelo delegado é o motociclista Manoel Aurélio do Nascimento Filho, o Didi. A perseguição foi filmada por uma câmera de segurança. Em maio, ele foi morto numa abordagem de outra equipe do Bope, também no Grande Recife.

Inicialmente, a PM disse que Manoel Aurélio teria trocado tiros com o efetivo. Por isso, os PMs do Bope teriam atirado no motociclista. Mas, várias testemunhas afirmaram que somente os policiais atiraram.

Dias depois do crime, Manoel Aurélio se apresentou à polícia, prestou depoimento e foi liberado. Segundo o advogado David Almeida, que defendia o motociclista, ele não tinha arma nenhuma e, no decorrer do inquérito, passou de acusado para testemunha do caso.

Indícios de fraude
Ainda de acordo com a reportagem, os PMs tinham dito que apreenderam um revólver calibre 22 no local do crime. Mas, no inquérito, o delegado Ícaro Schneider apontou que os militares afirmaram que a viatura em que eles estavam foi atingida por disparos desse revólver, em uma suposta troca de tiros.
Mas, segundo a perícia, as perfurações "são danos centralizados demais para terem sido causados por uma pessoa em movimento contra um veículo em movimento. Virtualmente, impossível".

Com isso, o delegado indicou que "é importante destacar os claros indícios de fraude processual". Diante disso, a autoridade policial afirmou que estão em andamento um Inquérito Policial Militar e uma sindicância administrativa na corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS).

O que diz a polícia
Segundo a Polícia Civil, o inquérito foi concluído com indiciamento e remetido à Justiça. "Da mesma forma, a Polícia Militar também concluiu o Inquérito Policial Militar (IPM), que foi remetido à Central de Inquéritos da Capital", informou.

Ainda segundo a polícia, o militar foi "realocado da atividade operacional para outra função". Na esfera administrativa, a Corregedoria-Geral instaurou uma investigação preliminar, que está em fase de relatório.

Já sobre a morte do motociclista Manoel Aurélio do Nascimento Filho, a corporação disse que o inquérito policial já foi concluído e que "não foi encontrada relação entre as mortes de Manoel Aurélio e da menina Heloysa".

Redação, BNews

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