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Por que o cacau não caiu em Salvador? Saiba como é feita a previsão do tempo pela Codesal


 Em meio à onda de frio que atingiu boa parte dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, já se sabia que as baixas temperaturas desses locais não viriam para Salvador. Enquanto cidades como São Paulo e Rio de Janeiro atingiram 6,6° C e 11,5°C, respectivamente, na capital baiana, as mínimas não passaram de 21°C e 22°C.

Porém, no interior, em cidades como Mucuri, no extremo-sul do estado, um fenômeno incomum para a região aconteceu: uma forte chuva de granizo. A força com que as pedras caíram provocou a queda de árvores, causando, consequentemente, queda de energia em diversos bairros. 

Nada disso estava previsto para Salvador, mas, ainda assim, a cidade entrou em alerta na última semana, quando a Defesa Civil (Codesal), em seu boletim meteorológico, previu a chegada de uma frente fria que aumentaria as chances de chuvas moderadas a fortes e com risco para alagamentos e deslizamentos de terra. Parecia que, como se diz no baianês, o cacau iria cair com força, pois na noite da última quarta-feira (18), o c


Entretanto, no dia seguinte, nada disso aconteceu. Alguns bairros, como Cabula, CAB e Federação, registraram chuvas fracas durante a madrugada, mas nada perto do que estava se prevendo.

O alívio veio quando a própria Codesal anunciou, no começo da tarde de quinta-feira, que um sistema de alta pressão fez com que a frente fria se deslocasse para o norte da região Nordeste, deixando o céu claro a parcialmente nublado com pouca chance de chuva. 

Afinal, por que não choveu?


Como o próprio nome diz, tudo se tratava de uma previsão, e nem toda previsão acaba se concretizando devido a diversos fatores que podem virar o jogo, como foi o caso da chegada desse sistema de alta pressão. Segundo o meteorologista da Codesal, Laurízio Alves, a quantidade de raios que caiu na noite de quarta, além da alta pressão, também contribuiu para que as chuvas se afastassem.

"Quando a gente não tem chuva e a incidência de muitos raios, isso faz com que as nuvens percam intensidade. Com isso, se reduz a quantidade de precipitação (chuva). Por causa disso, não tivemos chuva no dia seguinte", explica, ao BNews.

"Nós vimos nas imagens de satélite como estava a atuação dessa área de alta pressão, que fez com que a frente fria não avançasse com tanta intensidade, ficando apenas meio que "na borda". Tanto é que em algumas regiões próximas a Salvador choveu mais forte, enquanto que aqui não choveu tanto", acrescenta. 


Como as previsões do tempo são realizadas

De acordo com Laurízio, a Codesal utiliza modelos numéricos para realizar as previsões mais longas, que são divulgadas às segundas-feiras e valem para toda a semana, e um modelo chamado nowcasting, no caso das previsões de curto prazo, como funciona nos boletins emitidos para os finais de semana e também quando há alterações significativas de um dia para o outro, como ocorre nas chegadas de frentes frias.

"Nós temos também o auxílio das imagens de satélite, por onde temos uma maior visão de Salvador e conseguimos identificar os sistemas que estão atuando. A partir delas, verificamos se estão se intensificando ou não e pontuamos se teremos ou não chuvas intensas", conta.


Além das imagens de satélites, o Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme (Cemadec) possui radares, que dão uma visão ainda mais detalhada sobre as previsões de chuva. Através dos radares, das informações relacionadas à pressão atmosférica e das imagens de satélite, as previsões de curto prazo são divulgadas.

Sobre a previsão divulgada no início de cada semana, Laurízio esclarece que ela se trata de uma tendência e nem tudo pode se concretizar depois. "Quanto mais longa for a previsão, maiores as incertezas. Esse modelo de previsão informa uma tendência, e não necessariamente o que vai ocorrer. A gente continua fazendo o monitoramento, e quanto menor o tempo da previsão, maior o nosso grau de acerto", conclui. 


Vagner Souza/BNews    Daniel Brito

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