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Doria tenta adiar para 31 de maio anúncio da terceira via, mas partidos resistem


 João Doria, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, tenta adiar para 31 de maio a definição da candidatura única da chamada terceira via -inicialmente prevista para o dia 18. A proposta é descartada por MDB e União Brasil, os outros dois partidos envolvidos nas negociações.

Membros dessas legendas avaliam inclusive antecipar o anúncio -que poderia contemplar uma chapa formada por MDB e União Brasil.

Em reunião em Brasília no início de abril, o anúncio de uma pré-candidatura única no dia 18 havia sido formalizado pelos presidentes dos três partidos e do Cidadania, que se federou com os tucanos.


Segundo pessoas a par das negociações, a intenção de Doria com o adiamento é tentar aproveitar um eventual efeito positivo que poderia haver sobre sua campanha com o início da propaganda partidária do PSDB em rádio e TV, em 26 de abril.

A avaliação é que as inserções televisivas ajudariam a apresentá-lo ao público nacional e, assim, alavancar sua pré-candidatura e melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto. Com isso, o ex-governador tucano ganharia força nas negociações para se tornar o nome da terceira via.


Aliados de Doria tentam compartilhar a pressão pelo adiamento com outros atores envolvidos e argumentam que há uma tendência natural no grupo a trabalhar com mais calma o anúncio da candidatura única. Isso porque consideram que o cenário mudou após o lançamento da pré-candidatura de Luciano Bivar pela União Brasil, na semana passada.

Esse entendimento seria formalizado depois de uma reunião a ser realizada na segunda-feira (25). Procurada, a campanha de Doria afirmou que a possibilidade será discutida na ocasião.

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Os outros partidos envolvidos nas negociações negam qualquer intenção de adiar a data. Questionado, o MDB respondeu que mantém o acordo firmado para realizar o anúncio em 18 de maio. A União Brasil vai na mesma linha e descarta postergar a decisão.

Há alguns meses, a cúpula do MDB e estrategistas da campanha de Tebet cogitaram segurar o anúncio, uma vez que, em junho, será a vez das inserções emedebistas em cadeia de rádio e televisão. No entanto, chegou-se à conclusão de que aumentar esse prazo poderia favorecer o campo do partido que é contrário à candidatura da senadora.

Caciques do partido, em especial da região Norte/Nordeste, são favoráveis a uma composição com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegaram a realizar um jantar com o petista.


Do lado da União Brasil, há outro risco mapeado: o de que um possível adiamento possa dar sobrevida ao ex-juiz Sergio Moro. Após deixar o Podemos, Moro sofreu um duro golpe na semana passada quando a cúpula da União Brasil oficializou o lançamento da pré-candidatura de Bivar –que ainda precisa ser homologada em convenção nacional partidária.

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Há ainda a defesa por parte de um grupo da cúpula do partido de que, se nenhum nome da terceira via se mostrar competitivo, o ideal é seguir com a candidatura do presidente da União Brasil para tornar a sigla conhecida nacionalmente e tentar fortalecer a eleição de bancadas no Congresso.


Representantes de partidos de centro e centro-direita iniciaram há alguns meses a articulação de uma candidatura para buscar romper a polarização existente entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e Lula.
As articulações ainda são vistas com certo ceticismo dentro dos próprios partidos, por isso os líderes intensificam as negociações e definiram as datas.

Das pré-candidaturas que estão postas, Doria é o nome mais conhecido para liderar uma chapa, mas seu nome começou a ser questionado pela alta rejeição e falta de fôlego nas pesquisas de intenção de voto.

O tucano pontua apenas 2% no Datafolha, enquanto a senadora do MDB aparece com 1% -Bivar não tem registro pois não estava na corrida eleitoral quando a pesquisa foi divulgada, no final de março.


Apesar de ter vencido as prévias tucanas no ano passado, integrantes do PSDB começaram a questionar a força da pré-candidatura de Doria. O rival na disputa, o ex-governador gaúcho Eduardo Leite, realiza uma campanha paralela para se viabilizar.

Mais:

O político gaúcho chegou a se reunir com Tebet para tentar construir alternativas, se apresentando como possível candidato a vice na chapa da senadora.


Há ainda no PSDB movimento por parte de integrantes da cúpula do partido e de aliados de Rodrigo Garcia (PSDB-SP) para que a legenda não tenha nenhum candidato à Presidência.

Hoje, a sigla está rachada entre apoios a Leite e Doria. Existe uma avaliação de que mesmo que seja mais competitivo, lançar Leite poderia representar um trauma para a sigla já que iria contra o resultado das prévias nacionais.

Dessa forma, o ideal era impedir qualquer candidatura presidencial para evitar ainda mais atritos dentro do partido.


Tebet, por sua vez, vem jogando todas as fichas para manter viva a sua pré-candidatura. Em sabatina à Folha/UOL, a parlamentar descartou a possibilidade de ser vice em eventual chapa única do campo da terceira via.


Pablo Jacob / Divulgação    Folhapress

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