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Ausência de Datena na chapa de Rodrigo abre disputa entre MDB e União Brasil


 A definição da chapa de Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiu o Governo de São Paulo no último dia 1º e vai disputar a reeleição, já provocou alguma controvérsia na aliança entre PSDB, MDB e União Brasil —partidos que, no plano nacional, querem escolher um presidenciável único em maio.

desistência do apresentador José Luiz Datena (PSC), que iria concorrer ao Senado na chapa de Rodrigo, abriu espaço para disputa entre novos nomes e embolou os cenários estadual e nacional. Datena resolveu não assinar com a União Brasil, se filiar ao PSC e apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos), o candidato de Jair Bolsonaro (PL).

Enquanto Rodrigo amarrou o apoio dos três partidos em São Paulo, em um acerto que dava ao MDB a vice e à União Brasil a cadeira para o Senado, o presidenciável do PSDB, João Doria, também trabalha para garantir o mesmo tripé.


Doria, porém, enfrenta mais resistência entre os aliados —que também têm como opções Simone Tebet (MDB) ou algum nome da União, provavelmente Luciano Bivar (União). O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) corre por fora na busca da indicação da chamada terceira via.

Seguindo o script de oferecer a Rodrigo um candidato à vice, o MDB filiou o ex-secretário de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, que estava no PSDB e deixou o cargo para poder concorrer. Aparecido é nome de confiança do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que por sua vez é próximo do atual governador.
Doria, no entanto, trabalha para emplacar seu ex-secretário da Fazenda Henrique Meirelles na vice de Rodrigo. O ex-governador, a princípio, patrocinou a filiação de Meirelles ao MDB com esse objetivo, mas o partido deixou claro ao secretário que tinha outros planos. Os emedebistas queriam eles próprios escolherem um nome em vez de aceitar o "prato feito" de Doria.

Com a saída de Datena, a União Brasil, então, filiou Meirelles —a dança das cadeiras ocorreu na semana passada, às vésperas do fechamento da janela partidária. Doria manteve o apoio a Meirelles na vice, o que irritou o MDB. Os emedebistas consideram que, mesmo sem Datena, cabe à União Brasil indicar um nome para o Senado. A vaga é almejada também por tucanos, como o presidente do PSDB da capital paulista, Fernando Alfredo.


Além disso, a ingerência de Doria na construção da chapa do seu ex-vice-governador foi vista nos bastidores como uma jogada para pressionar o MDB. O partido poderia apoiar a indicação de Doria como o nome da terceira via se o ex-governador desistisse de emplacar Meirelles na vice —barganha que não será concretizada, de acordo com políticos ouvidos pela reportagem.

Aliados de Doria negam haver qualquer relação entre a construção da chapa de Rodrigo e o plano nacional, até porque o ex-governador não poderia se indispor nem com a União Brasil nem com o MDB. O entorno do tucano diz que ele tem apreço por Meirelles.

Dirigentes de MDB, PSDB e União dizem que, hoje, o apoio a Simone é mais consensual do que o apoio a Doria, especialmente após o ex-governador ter ameaçado não renunciar, o que prejudicaria Rodrigo.


Por isso mesmo a aposta entre os aliados é a de que o ex-governador não vai conseguir emplacar Meirelles na chapa de Rodrigo. O MDB está fechado em torno de Aparecido, nome defendido também entre os tucanos do entorno de Bruno Covas, morto em maio de 2021.

A relação entre o MDB paulista de Baleia Rossi, Ricardo Nunes e Michel Temer com os tucanos como Covas, Doria e Rodrigo se consolidou na eleição de 2020 com a construção da chapa Covas-Nunes para a Prefeitura de São Paulo.

Emedebistas apontam ainda que, enquanto Edson Aparecido pode alavancar a popularidade de Rodrigo na capital por causa de sua atuação na pandemia, Meirelles é associado ao aumento de impostos promovido por Doria.


Outro nome cogitado para a vaga ao Senado é o do ex-juiz Sergio Moro, filiado na União Brasil em São Paulo e cujo projeto presidencial acumula vaivéns. A hipótese, no entanto, é desacreditada entre alguns tucanos.

Sem Datena, sem Moro e sem o tucano José Serra (que vai concorrer à Câmara), aliados de Fernando Alfredo veem chances de que ele emplaque sua candidatura ao Senado. No cenário ideal, a chapa de Rodrigo seria composta por ao menos uma mulher, algo que políticos envolvidos na negociação não descartam —MDB e PSDB dizem ter quadros femininos para preencher as vagas.

Na semana passada, Rodrigo também buscou aglutinar o Podemos e parte do PL à sua campanha.
Como mostrou o Painel, ele ofereceu ao Podemos o comando da Secretaria de Esportes do estado, como forma de selar o apoio à sua reeleição. A secretaria era ocupada pelo Republicanos, que lançou Tarcísio ao governo.


De acordo com auxiliares de Rodrigo, o governador vai substituir aos poucos os secretários que deixaram o palácio para concorrer neste ano. É possível que alguns secretários-executivos, que assumiram provisoriamente, sejam mantidos.

Uma ala do PL, partido que fazia parte da base tucana em São Paulo, mas que passou a abrigar os bolsonaristas, resolveu manter o apoio à reeleição de Rodrigo mesmo com a direção do PL comprometida com Bolsonaro e Tarcísio.

Um evento na noite do último dia 5, em Suzano (SP), formalizou o embarque na campanha tucana de 7 deputados estaduais do PL, além de cerca de 30 prefeitos e 80 vereadores. Rodrigo, porém, tem evitado falar publicamente em eleição, tema que ele diz ficar para o segundo semestre. Os partidos aliados também afirmam que a formação da chapa é algo para junho ou julho e que há tempo até lá.


Os primeiros dez dias do tucano à frente do Palácio dos Bandeirantes foram dedicados a entregas, visitas, reuniões e entrevistas, sobretudo no interior e mesmo aos fins de semana.

O governador quer tornar-se conhecido e, por isso, tem ido para a rua. Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que 85% dos paulistas não sabem quem governa São Paulo neste momento —11% acertaram seu nome.

Ainda de acordo com o Datafolha, Rodrigo aparece com 6% de intenções de votos, empatado na margem de erro com Tarcísio, que tem 10%. Fernando Haddad (PT) lidera com 29%, seguido de Márcio França (PSB), com 20%. O pré-candidato tucano tem 17% de rejeição e é conhecido por 38% dos entrevistados.


Bruno Santos/Folhapress    Redação

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