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Pandemia deixou as crianças mais irritadas e ansiosas; especialista explica como ajudar os pequenos


 A pandemia do coronavírus limitou muito a circulação das pessoas, fechou escolas e deixou um público que tem energia de sobra trancado em casa: as crianças. Com isso, os pequenos e os mais grandinhos passaram a ficar mais ansiosos, irritados, agressivos e viciados em celulares, videogames e computadores.

Mãe de dois meninos, de 9 e 4 anos, sendo que o mais velho tem autismo, a psicopedagoga Ana Paula Barreto conta que a pandemia chegou exatamente no ano em que aconteceria a primeira experiência de seu filho mais novo na escola. A ausência de troca com os pares foi e tem sido o maior desafio para os garotos. 

“Para o mais novo, a ausência do início da escola foi muito ruim. Por mais que eu buscasse estratégias como criar atividades em casa, utilizar situações da rotina do dia a dia para ensinar o que deveria estar sendo ensinado no ambiente escolar, as lacunas permanecem. Meu mais velho está dentro do Transtorno do Espectro Autista e a suspensão das aulas e das terapias foi trágico. Ambos apresentaram muitos momentos de desregulação emocional”, relatou Ana Paula. 

Uma das estratégias que ela e o marido utilizaram foi sair para dar voltas de carro, algumas vezes com os vidros fechados, para que os meninos pudessem ao menos sentir que estavam saindo de casa, já que nos primeiros meses, ela e o companheiro só iam na rua fazer compras.

A psicóloga e neuropsicóloga Luciana Caldas cita que as alterações comportamentais nas crianças foram por conta da mudança brusca de rotina, da imprevisibilidade em relação ao momento atual, do distanciamento social, do confinamento em casa e da grande dificuldade para a organização de atividades e horários.

“Os estudos feitos desde o início da pandemia indicam prejuízos significativos à saúde mental das crianças, com aumento de casos de transtornos de humor, transtornos de ansiedade e dependência de eletrônicos, por exemplo. As crianças estão menos concentradas, apresentando alterações significativas nos padrões de sono e alimentação, mais agitadas, irritadas, com pensamentos ruins, preocupação em excesso e até mesmo queixa de dor física (sem motivação ou causa aparente)”, apontou Luciana.

Ela destaca que, mesmo com a sociedade retomando as atividades normais, há crianças que se negam a sair de casa. Isso porque muitas delas passaram a ter uma maior convivência com os pais no período de pandemia, o que as tornam mais dependentes desse contato. “Além disso, o ensino à distância acaba trazendo mais flexibilidade para o processo de ensino e aprendizagem. Há, ainda, o aumento de uso de eletrônicos, que os pequenos adoram. Tudo isso tem levado as crianças a resistirem em sair de casa”, acrescentou a neuropsicóloga.

A especialista também lembra que cada criança enfrenta de forma diferente as experiências e traumas: “a forma como vivenciamos as situações de estresse que podem gerar traumas está relacionada a diversos fatores que assumem um caráter totalmente individual, como a história de vida (outras situações vividas anteriormente), a rede de apoio, os recursos emocionais que cada um desenvolve de forma particular e, também, os reforçadores do ambiente”.

Como ajudar

Os pais e responsáveis podem ajudar seus filhos a voltarem a ter uma rotina normal e saudável. Segundo Luciana, o primeiro passo é auxiliá-la na adaptação à nova realidade e estar atento às possíveis alterações de comportamento da criança e quaisquer dificuldades ou sofrimento que sejam expressos por ela. A neuropsicóloga frisa que é importante escutar os pequenos e planejar, com eles, como será o retorno às aulas, o contato com amigos e as possíveis programações que já podem ser realizadas.

Já para reduzir o excesso de telas, a especialista diz que, inicialmente, é preciso estabelecer uma rotina que permita uma maior organização das atividades do cotidiano. “Ter um dia a dia mais bem planejado contribui para o equilíbrio entre as necessidades, obrigações, descanso e lazer, e ajuda a restringir o tempo de uso das telas. Estimular a criança a brincar com outras crianças e brinquedos também é importante, e a escolha das atividades vai depender da idade e do gosto dela”, elencou. 

Brincadeiras ao ar livre, jogos de tabuleiro, leitura e desenho são opções indicados por ela para, além de divertir, estimular o desenvolvimento dos pequenos. “Mas é fundamental que o adulto brinque com a criança, pois a presença e atenção são os maiores estímulos para que ela se motive para outras atividades”, finalizou.

 

Classificação Indicativa: Livre


Por: Reprodução/ Victoria_Borodinova por Pixabay  Por: Márcia Guimarães

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