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Em decisão inédita, Reino Unido atribui morte de menina de 9 anos a poluição do ar


 

Uma menina de nove anos que sofreu um ataque fatal de asma em 2013 se tornou a primeira pessoa na Grã-Bretanha a ter oficialmente a poluição do ar como causa de morte nesta quarta-feira (16), após a conclusão de um inquerito em um tribunal de Londres.

Ella Adoo-Kissi-Debrah vivia perto de uma grande estrada circular no sudeste de Londres e morreu em fevereiro de 2013. Asmática, ela foi levada ao hospital quase 30 vezes em menos de três anos e sofreu vários ataques.

A decisão histórica coloca um rosto e um nome em uma das milhões de pessoas cujas mortes são aceleradas pela poluição do ar todos os anos. Segundo especialistas, isso poderia abrir uma nova porta para ações judiciais por vítimas da poluição na Grã-Bretanha.

Na decisão desta quarta, o legista Philip Barlow, do tribunal de Londres, disse que a poluição do ar agravou significativamente a asma de Ella, acrescentando que ela havia sido exposta a níveis de dióxido de nitrogênio e partículas que excediam as diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde).

De acordo com a OMS, os efeitos da poluição do ar matam cerca de 7 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano. Especialistas jurídicos e de saúde saudaram a decisão como um marco para a Grã-Bretanha e outros países porque vinculou diretamente a poluição do ar a uma morte específica.

Em 2014, uma primeira decisão do inquérito sobre a morte de Ella descobriu que ela havia morrido de síndrome respiratória aguda —mas o tribunal anulou a decisão em 2019. Agora, o segundo inquérito concluiu que ela "morreu de asma causada pela exposição à poluição do ar excessiva".

Durante o inquérito, a família de Ella a descreveu como uma criança animada que tocava mais de dez instrumentos e sonhava em se tornar um pilota. A menina teve um ataque de asma em 14 de fevereiro de 2013, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

Em sua conclusão, Barlow também apontou uma “falha em reduzir os níveis de NO2 para dentro dos limites estabelecidos pela União Europeia e pelas leis nacionais”.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, fez da poluição do ar uma grande bandeira de sua gestão e, em outubro, seu escritório afirmou que o número de londrinos que vivem em áreas que excedem o limite legal de dióxido de nitrogênio caiu de mais de 2 milhões em 2016 para 119 mil em 2019.

No Twitter, Khan pediu que a conclusão sobre a morte da menina de nove anos seja "um ponto de viragem, para que ninguém mais sofra o mesmo desgosto que a família de Ella".



 Por: Reprodução/Hollie Adams 

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