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Feira: Troca de farpas, críticas ao governo do Estado e contradições marcam debate entre Zé Neto e Colbert




 Os candidatos à Prefeitura de Feira de Santana, no Centro Norte baiano, Colbert Martins (MDB), que busca a reeleição, e Zé Neto (PT) participaram de debate, na manhã desta quinta-feira (26), realizado pelo Acorda Cidade em parceria com a rádio Sociedade News. Entre os pontos altos estão ataques ao governo do Estado, contradições e omissões com dados da educação, críticas à administração atual e troca de farpas entre os concorrentes ao executivo municipal.

“Toda obra em Feira de Santana Zé Neto se apropria. Mudança para pior é ruim, porque ele não tem experiência administrativa. O que tem é um santo de orelha que fica guiando ele”, disse o emedebista, que criticou ainda os apoios do ex-deputado Targino Machado (DEM) e do ex-prefeito Tarcízio Pimenta ao petista. “Quem tá com o apoio de Targino Machado e de Tarcízio Pimenta vai mudar para pior. O PT está do lado dos empresários. Já foi um partido ligado aos pobres. Não é mais”.

Já Zé Neto devolveu e disse que o opositor estava “tão nervoso”, a ponto de falar mal de Targino e Tarcízio como forma de escapar dos assuntos da cidade. “Estamos aqui para falar da cidade e ele fala o tempo todo do Estado. A eleição é municipal. A cidade quer mudança. Falar que vai fazer só mostra que Colbert está sendo uma oposição a ele mesmo. O que não fez, não vai fazer”, declarou o candidato do PT.

Educação
No primeiro bloco, com perguntas feitas por representantes de diversos setores da cidade, o atual prefeito, Colbert Martins, acabou admitindo que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em Feira de Santana é de 4.8, número que, segundo ele, ainda é baixo.

No entanto, o emedebista não especificou que o índice mencionado se refere apenas aos anos iniciais da educação básica, tendo ficado abaixo do nacional, que foi de 5.68, em 2019. Ainda, o prefeito não citou o Ideb para os anos finais, que foi de apenas 3.7 em Feira de Santana, também inferior à média nacional, de 4.46, de acordo com dados do Inep coletados pelo BNews.

Neste quesito, Zé Neto alfinetou o adversário e afirmou que os professores da rede municipal precisam de mais diálogo com o poder público. “Vamos harmonizar a cidade. Precisamos melhorar o diálogo entre professores e município. Precisamos reconstruir várias escolas e fazer com que a educação seja prioridade”, disse.

A educação básica foi um dos pontos centrais do debate entre os candidatos à Prefeitura de Feira de Santana, nesta quinta-feira (26), com promessas de distribuição de computadores aos alunos para a implementação das aulas remotas enquanto durar a pandemia.

“Já temos os computadores. Queremos o Ideb de Feira igual ao de Sobral, no Ceará”, disse Colbert Martins em referência à cidade que alcançou média de 8.4 nos anos iniciais e 6.9 nos anos finais, a maior do país.

Além do Ideb, os dados do Inep consultados pelo BNews mostram que o próximo prefeito de Feira de Santana terá de se preocupar também com a questão da distorção idade-série, que no município foi 29.9% nos anos iniciais do ensino fundamental e 50.3% nos anos finais, enquanto a média nacional ficou em 10.9% e 29.95%, respectivamente.

Professores
O tratamento dado aos professores municipais também foi assunto entre as trocas de farpas no debate para a Prefeitura de Feira de Santana. Enquanto Colbert Martins ressaltou que os salários estão todos reajustados, “ao contrário do Estado da Bahia, que não reajusta a remuneração há cinco anos”, Zé Neto deu ênfase aos cortes salariais feitos durante a pandemia.

“Se eu for prefeito, os professores vão acabar de vez com a história de serem tratados de forma desleixada, com salários cortados. A gente vai resolver com diálogo, com responsabilidade. Vamos fazer uma revisão do plano de carreira”, afirmou Zé Neto. Em junho deste ano, a Justiça suspendeu o corte nos salários dos professores de Feira de Santana, que havia sido implementado na pandemia, sob a justificativa de redução de carga horária.

À época, o secretário de Educação de Feira de Santana, Marcelo Esteves, alegou que o pagamento das horas extras e deslocamento dos professores foi suspenso e que, na verdade, não houve corte de salário.

Durante o debate desta quinta-feira (26), Colbert Martins afirmou que o Estatuto do Servidor Público de Feira de Santana precisa ser atualizado, para prever “reajustes proporcionais ao nível do ensino público municipal”. Além disso, o emedebista bateu mais uma vez na falta de reajuste dos professores da rede estadual. “Feira deu todos os reajustes”, disse.

Mobilidade
Além da questão da educação, o assunto mobilidade foi um dos mais ariscos no debate entre Colbert Martins e Zé Neto, candidatos à Prefeitura de Feira de Santana. O petista usou o afundamento de um trecho do asfalto no centro da cidade, nesta semana, para acusar o atual prefeito de exercer uma política “sonrisal”, além de chamar o BRT de “fraude”.

O adversário rebateu e disse que Zé Neto continua se desfazendo das obras realizadas em Feira de Santana, a exemplo do BRT e dos viadutos, para falar em Trivia, projeto que desde 2012 é ventilado, mas que nunca foi executado na cidade. “Ele não gosta de Feira. Do jeito que vai, Zé Neto vai querer enterrar esses túneis se for prefeito. Zé Neto não quer BRT, quer aquele Trivia, que sumiu”, alfinetou.

Independente de cada proposta, o candidato eleito vai ter na mobilidade urbana de Feira de Santana um grande desafio. De acordo com dados do Censo do IBGE, na cidade do Centro Norte, uma pessoa leva, em média, 29 minutos para se deslocar de casa para o trabalho e, dessas viagens, 7,73% duram mais de uma hora. Os números estão acima da média nacional, do Nordeste e do Estado da Bahia.

Economia
Ao falarem sobre a economia de Feira de Santana, os candidatos receberam a cobrança da população a temas voltados às indústrias, turismo, em especial o Centro de Convenções, além dos investimentos em espaços de lazer para a população.

“Deputado Zé Neto extinguiu o Centro Subaé, por isso a Prefeitura teve dificuldade de atuar neste setor [industrial]. É importante que tenhamos condições logísticas para atrair novas empresas e novas tecnologias”, disse Colbert.

Já Zé Neto usou a figura do candidato a vice-prefeito, Roque Santos (PP), para justificar o interesse pelo setor industrial. “Nosso vice é um empresário. Queremos criar um fundo de desenvolvimento econômico. O que voga nessa área é o diálogo, já que precisamos ampliar emprego e renda em Feira de Santana e o desenvolvimento social”, argumentou.

Quando o assunto do Centro de Convenções veio à tona, a troca de farpas recomeçou, com Colbert Martins responsabilizando Zé Neto e o governo do Estado pela paralisação das obras. O petista se defendeu e disse que o acordo feito em 2013 não foi cumprido, porque o município se tornou inadimplente perante o Estado, o que o impossibilitou de receber os recursos destinados à obra.

Em 2019, de acordo com dados do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) analisados pelo BNews, nesta quinta-feira (26), no município de Feira de Santana os setores de Previdência Social, Saúde e Urbanismo foram os que mais receberam investimento do poder público. Em contrapartida, Educação e Transporte integram a lista dos que possuem investimento mais distante da média nacional para cada setor.

Os candidatos à Prefeitura de Feira de Santana participam de mais um debate, nesta sexta-feira (27), na TV Subaé, o último antes do segundo turno das eleições, que acontece neste domingo (29). Além da cidade do Centro Norte, Vitória da Conquista também vai ter um prefeito eleito neste fim de semana, na disputa entre Herzem Gusmão (MDB) e Zé Raimundo (PT).   /Por: Reprodução/Youtube  

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