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Criticado, Bolsonaro pede paciência a simpatizantes por indicação de Aras à PGR

Divulgação / Presidência da República
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) se incomodou nesta quinta-feira (5) com as críticas à escolha do subprocurador-geral Augusto Aras para o comando da PGR (Procurador-Geral da República) e fez um apelo para que simpatizantes do governo apaguem comentários feitos nas redes sociais contra ele.
Em live semanal, ele afirmou que 20% dos comentários feitos na transmissão online foram contra o indicado para substituir a procuradora-geral da República Raquel Dodge, entre eles de que “acabou a esperança” dos eleitores na atual gestão.
"Eu peço a vocês. No Facebook, você fez um comentário pesado, retira, dá uma chance para mim. Você acha que eu quero colocar alguém lá para atrapalhar a vida de vocês? Não quero", disse.
O presidente afirmou que sofreria ataques por qualquer nome que indicasse e ressaltou que deve lealdade ao povo, mas que ela não pode ser “cega”. Ele pediu que continuem dando voto de confiança ao seu governo e parem de “metralhar a gente”.
“Peço a vocês um voto de confiança. Se lá na frente não satisfizer, paciência, A gente assume o erro”, disse. “Dá uma chance a mim. Você que votou em mim, continue dando voto de confiança, não queira apenas metralhar a gente”, observou.
Bolsonaro disse que Aras tem “posição serena” e sinalizou que ele é afinado a ele em temas como meio ambiente, defendendo a atividade do agronegócio, e direitos de grupos minoritários, como a comunidade LGBT.
“O compromisso que ele tem conosco e com o Brasil é bem claro. Não basta apenas ter alguém que combata a corrupção. Tem também de ser sensível a outras questões”, disse.
Mais cedo, a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, Bolsonaro comparou a escolha de Aras a um "casamento".
"Outros nomes também apareceram. Eu tinha um universo ali de poucos para escolher. Eu acho que dei sorte, acho que escolhi o melhor, que estou fazendo um bom casamento. Na frente do padre que é o Senado, para aprovar o nome dele", afirmou.
O presidente ponderou, no entanto, que, caso seja aprovado pelo Senado, Aras não deve obediência ao Palácio do Planalto e pode "se divorciar" do Poder Executivo, já que, segundo ele, o subprocurador-geral não deve satisfação a Bolsonaro.
“A partir da aprovação no Senado, se ele quiser, a partir daquele momento, pode se declarar divorciado de mim. Ele não deve satisfação a mim, deve à sociedade”, afirmou. “Eu quero do futuro procurador-geral alguém que tenha a bandeira do Brasil em uma mão e a Constituição Federal na outra mão”, acrescentou.
Ainda para os apoiadores na frente do Alvorada, Bolsonaro citou pressão recebida pela indicação de outros nomes à PGR, como a recondução de Raquel Dodge ao posto ou a do chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol. O presidente rechaçou ambas.
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Na live semanal, Bolsonaro disse que o apresentador e dono do SBT, Silvio Santos, e o bispo e dono da Record, Edir Macedo, comparecerão ao camarote do presidente no desfile de Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
O presidente já havia escolhido Aras desde o final de junho. Ele optou, no entanto, por segurar o anúncio para arrefecer as críticas ao subprocurador-geral, sobretudo dentro de seu próprio partido, o PSL, que o acusavam de ter afinidade com a esquerda.
No período, Bolsonaro enviou interlocutores ao Congresso Nacional para falar individualmente com líderes de frentes parlamentares na tentativa de diminuir a resistência a uma indicação de Aras.
Nesta quinta-feira (5), antes do anúncio oficial, o presidente consultou sobre a escolha representantes das bancadas evangélica, do agronegócio e da segurança pública, consideradas os pilares de seu governo.
Segundo relatos feitos à Folha, não houve maiores resistências.
Tramitação no Senado
Ao chegar a mensagem com o nome de Aras, ela é despachada para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, onde é feito um relatório e o indicado será sabatinado. Mesmo que ele seja rejeitado, a indicação é votada em plenário.
Integrantes da cúpula do Senado dizem acreditar que Aras não deve ter dificuldades para ser aprovado por maioria absoluta (41 senadores). Interlocutores do governo dizem que ele é um nome que não enfrenta resistência nem da direita nem da esquerda e a expectativa é que o nome seja aprovado em plenário daqui a 15 ou, no máximo, 20 dias.
Além do apoio dos governistas, agrada a alguns senadores o que chamam reservadamente de restrições sutis à Operação Lava Jato.
A oposição criticou o fato de Bolsonaro não ter escolhido um nome da lista tríplice.
"Nossa posição é que deveria ser alguém da lista tríplice, mas é um direito do presidente indicar quem ele bem entender", afirmou o senador Paulo Paim (PT-RS).
"A nomeação do novo procurador-geral da República ofende uma tradição de autonomia do Ministério Público desde a Constituição de 1988. Mais especificamente, despreza o respeito à uma lista tríplice que ocorreu nos últimos 19 anos por diferentes presidentes. Mais que isso, mostra que Bolsonaro não quer um MP independente e atuante, mostra que ele quer um advogado dos seus interesses e dos de sua família, incompatível com qualquer regime republicano", disse o líder da Minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
"Mais uma vez está claro que o senhor Bolsonaro não está a altura do cargo de presidente da República. Espero, sinceramente, que o Senado, a quem cabe sabatinar e arguir o procurador-geral da República, esteja à altura da nação, rejeitando o nome desse procurador biônico", prosseguiu Rodrigues.
Aliado do governo, o líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA), minimizou um eventual desgaste para Aras por ser um nome de fora da lista tríplice.
"Essa é uma prerrogativa do presidente, de escolher não necessariamente um nome da lista tríplice, tampouco o primeiro colocado. Existe uma cultura, uma prática, mas se ele resolve fazer outra escolha, é da prerrogativa dele, ele foi eleito para isso", afirmou Rocha.
Além disso, ele disse que a sabatina é apenas protocolar.
"Não lembro de o Senado ter alguma vez rejeitado ou criado óbices para uma autoridade deste nível. O Senado faz a sabatina protocolar, muitas vezes, e é da natureza do Parlamento. Acho que não vai ter nenhuma dificuldade."
O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), disse que Aras tem condições plenas de exercer o cargo.
"Não crie que vá haver qualquer disputa de cunho político ou partidário e isso em nada interferirá nas  demais votações no Senado", afirmou, referindo-se a matérias como a reforma da Previdência.
BNews

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