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Prefeitura de Araci nega que útero de jovem foi retirado em hospital

Mirene e Gean no final da gestação;
 Jordan, o bebê, não ficou com sequelas

(Foto: Acervo pessoal)
A Prefeitura de Araci, no nordeste da Bahia, negou nesta quinta-feira (21) que oútero da jovem Mirene Santos da Silva, 19, foi retirado no Hospital Municipal Nossa Senhora da Conceição, para onde foi levada pela família para ter um bebê, há oito meses.
A família de Mirene afirma que a retirada do útero junto com a placenta, no momento do parto, levou a uma hemorragia que a fez ficar entubada por 15 dias em um hospital de Feira de Santana, para onde foi transferida, e evoluir para o estado vegetativo.
Desde então, a jovem está apenas com as funções autônomas do corpo (como respiração, batimentos cardíacos e funcionamento do intestino), mas não interage com o meio. O bebê dela, do sexo masculino, nasceu com saúde.
No comunicado, a prefeitura não dá detalhes sobre o prontuário médico da paciente, nem informa porque nesse tempo uma cópia do documento não foi cedido à família, conforme determina o Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina.
Ao comentar sobre a negativa da prefeitura, a família de Mirene reafirmou que ela teve o útero retirado ainda no hospital de Araci. “Ela saiu do hospital já com a placenta e o útero para o lado de fora”, disse Gean Guimarães da Silva, 21, marido da moça.  
Sobre o prontuário, o advogado da família Dante Vinícius Santos Araújo formalizou no hospital, dia 12 deste mês, pedido para que ele fosse fornecido e nesta quarta (20) fez um pedido de providências no Ministério Público da Bahia (MP-BA), com o mesmo fim.
A Prefeitura de Araci informou que já foi notificada pelo MP-BA sobre o fornecimento do prontuário da paciente, declarou que iria ceder o documento, mas não informou quando isso seria feito.
Segundo a prefeitura, o parto de Mirene ocorreu “sem intercorrências”, mas após isso, “diante do fato da mesma apresentar sangramento anormal, foi imediatamente transferida” para o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira.
O relatório médico do HEC informa que Mirene chegou “no pós-parto imediato de parto natural, com sangramento vaginal intenso e hipotensão, sendo identificado inversão uterina”. Foi levada para o centro cirúrgico, onde teve a parada respiratória.
“Desde então, mantém quadro neurológico de status pós-PCR [parada cardiorrespiratória], não contactante, Glascow 7 [coma profundo]", relata a médica que assina o laudo. Ela colocou como diagnóstico principal a "inversão uterina pós parto" e constatou choque hipovolêmico (ou hemorrágico), devido à perda de sangue.
Atendimento
Ainda de acordo com a Prefeitura de Araci, “entre a identificação de anormalidade e a saída da paciente do Hospital Municipal passaram-se cerca de 20 minutos, tendo neste período a equipe de saúde realizado procedimentos necessários e indicados pela literatura médica”.
No comunicado, a prefeitura narra que “a paciente saiu do Hospital acompanhada por um profissional médico e enfermeiro, consciente, em condições clínicas favoráveis, inclusive conversou com os familiares”.
O problema com a “inversão uterina”, ainda de acordo com a prefeitura, foi diagnosticado no HEC. “O Hospital de Araci não realizou o procedimento de retirada do útero da paciente, tendo se limitado a realizar o parto normal”, diz o comunicado.
Na continuação, a Prefeitura de Araci afirma que “em nenhum momento a família nos procurou para se queixar da conduta de profissionais ou do atendimento prestado, tendo tal fato surgido no mês de março de 2019, através das redes sociais e de publicações em sites de notícias locais”.
De acordo com a gestão municipal, “está sendo instaurado o procedimento administrativo cabível para a apuração de responsabilidades e tomada das providências cabíveis”.
“No mais, lamentamos profundamente o ocorrido e assumimos o compromisso de tomar as atitudes necessárias, desde que comprovado que aconteceram falhas por parte do serviço ou de profissionais envolvidos na assistência à paciente”.
A prefeitura diz que está auxiliando a família da jovem com uma empresa de home-care e que dá suporte de assistência social.
"Ela foi assistida por profissionais a todo momento. O hospital e seus profissionais lamentam o atual quadro clínico da jovem. Foi lançada mão de todas as técnicas possíveis para minimizar as consequências do parto", afirma.
Mas a família de Mirene diz que o auxílio que está sendo dado é limitado e não contempla um profissional da área de técnica de enfermagem para ficar 24 horas com Mirene, como eles dizem que precisam.
A família tem de renda fixa apenas por mês R$ 290 do programa federal Bolsa Família que a mãe de Mirene recebe. O marido dela, Gean, disse que precisa ter um profissional de saúde em casa para que ele possa trabalhar. Os cuidados com o filho são divididos entre ele e uma irmã, segundo contou.
Fonte: Correio*

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