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“Síria é o inferno na Terra para as crianças”, afirma Unicef



Após dias de incessantes bombardeios, caminhões levando ajuda humanitária chegaram nesta sexta-feira (9) à Ghouta Oriental, nos subúrbios da capital da Síria, Damasco. Apesar da segurança prometida pelas várias partes envolvidas na guerra, incluindo a Rússia, não há expectativa de mudança a curto prazo.
A UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) que trabalhou para levar água potável, comida e medicamentos para a região, alerta que a situação atual, “é o Inferno na Terra para as crianças”. A pouca ajuda que conseguiu chegar até eles, é insuficiente. A estimativa é que cerca de 14 milhões de crianças foram afetadas drasticamente pelo conflito sírio.
Henrietta Fore, diretora executiva da organização, lembra que “elas convivem todos os dias com a morte e com mutilações. Falta água e comida. As doenças estão se espalhando”, lamenta.
Em Saqba e Hamoryah, duas cidades na região de Ghouta, os ataques de forças do governo voltaram a matar crianças, indica o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
“O bombardeio é quase incessante e a quantidade de violência é assustadora. A criança vê violência, vê morte e pessoas mutiladas o tempo todo”, sublinha Fore.
O governo da Síria está apertando o cerco e espera retomar Ghouta Oriental da mão dos que chama de rebeldes, dizendo que essa ofensiva é necessária para proteger Damasco.
Segundo estimativas, a campanha militar matou quase 1000 civis desde que começou, em 18 de fevereiro. O Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo de 30 dias em toda a Síria a partir de 24 de fevereiro, mas o governo sírio e a Rússia não permitiram alegando que as forças de oposição ao governo não a respeitariam.
A ONU calcula que mais de 400 mil pessoas ainda estão presas em Ghouta, sendo usadas como “escudo humano”. Uma reunião de emergência foi realizada na ONU na segunda-feira, mas teve pouco resultado. “Cerca de 5,8 milhões de sírios foram deslocados, seja externa ou internamente… metade deles é crianças, logo as crianças são as mais afetadas”, destacou Fore.
A comparação com o inferno foi usada outras vezes pela UNICEF. A escolha pelo termo religioso não é por acaso. Após 7 anos, o conflito parece não cessar porque não é meramente uma disputa de poder, é um aviso para o mundo islâmico sobre qual é o grupo mais poderoso no Oriente Médio. 

Guerra religiosa  

O sírio Bassam Tibi, professor emérito de relações internacionais na Universidade Georg-August de Gottingen, Alemanha, diz que o Ocidente está ignorando que está é, sobretudo, uma guerra religiosa. Esse seria o principal motivo pelo qual as tentativas de pacificação do conflito não funcionaram.
“Eles mataram nossos clãs. Eles mataram nossas famílias. Os alauitas [ramo dos xiitas] do regime de [presidente Bashar Al-Assad] destruíram a identidade sunita de Damasco”, destaca Tibi.
O professor explica que, desde a invasão dos EUA ao Iraque, em 2003, o Irã vem “preenchendo o vácuo criado pela remoção do [ex-presidente] Saddam Hussein e expandindo seu poder”.
O erudito garante que hoje em dia, “existem dois blocos no Oriente Médio: o dos sunitas e o dos xiitas. O bloco mais forte é sunita, embora não sejam a maioria da população. O Irã agora controla o Iraque, o Líbano e a Síria”.
Apesar do grande investimento militar, assegura Tibi, a Arábia Saudita, líder do mundo árabe sunita, não teve forças para reprimir o Irã de forma efetiva. Com informações JNS e Reuters 


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