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Museu Nacional: fiação exposta, gambás e cupins entre os alertas ignorados que anunciavam tragédia

Foto: Ricardo Moraes/Reuters / BBC News Brasil

Com a destruição do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que pegou fogo no domingo, a expressão "tragédia anunciada" é mais uma vez usada para definir um incêndio catastrófico no Brasil.
Embora investimentos na instituição tenham sido reduzidos drasticamente desde o início da crise política e econômica - especialmente em 2018 -, alertas sobre risco de fogo, infiltração, inundação e até queda de gesso sobre a cabeça dos funcionários do museu começaram há mais de uma década, muito antes da situação do país se deteriorar.
Embora investimentos na instituição tenham sido reduzidos drasticamente desde o início da crise política e econômica - especialmente em 2018 -, alertas sobre risco de fogo, infiltração, inundação e até queda de gesso sobre a cabeça dos funcionários do museu começaram há mais de uma década, muito antes da situação do país se deteriorar.
"O museu vai pegar fogo. São fiações expostas, mal conservadas, alas com infiltrações, uma situação de total irresponsabilidade com o patrimônio histórico." Foi assim que, em 2004, o então secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do estado do Rio de Janeiro, Wagner Victer, atual secretário estadual de Educação, descreveu a situação do Museu Nacional, após fazer uma visita ao local.
Em entrevista à Agência Brasil, na ocasião, ele apontou a precariedade das instalações elétricas, a existência de fiações expostas e a ausência de um sistema de combate a incêndio. À BBC News Brasil, Victer afirmou que ficou assustado com os riscos de incêndio que presenciou, ao fazer uma visita aleatória ao local."Fiz uma visita e fiquei horrorizado com o que vi como engenheiro, por isso resolvi vir à público na época. Muita gente me criticou dizendo que eu estava dando opinião num assunto que não cabia a mim", afirmou. O Museu Nacional é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é mantida com repasses do governo federal."Do ponto de vista de engenharia, é inaceitável que um prédio daquela magnitude não tenha sistema intergrado de sprinkler (equipamento que libera água ao detectar focos de incêndio), para contenção imediata de fogo, ainda mais tendo material inflamável dentro."Mais de 20 anos depois, o Museu Nacional firmou um contrato de financiamento de R$ 21 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para, finalmente, investir em reestruturação e na construção de um sistema de combate a incêndio. Mas o dinheiro só seria liberado após as eleições de outubro."Isso é uma perda não só para a cultura, mas para a educação também. Que essa desgraça muitas vezes anunciada sirva como uma ação para rever os procedimentos nas centenas de prédios tombados e museus que estão em situação de abandono. Tem que ter sistemas modernos de prevenção de incêndio", afirmou à BBC News Brasil o secretário de Educação do RJ. (*Terra)

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