O maior de todos os tempos teve um final de carreira
inesperado, mas 'humano'. Aos 30 anos, Usain Bolt,
o astro jamaicano, cidadão do mundo, ficou pelo caminho nos últimos 100 metros
do revezamento 4 x 100. Em boa posição, na luta por uma medalha, ele recebeu o
bastão e já corria para o pódio quando uma contusão pôs fim à sua prova.
Incrédulo, ele diminuiu a passada, deu uma cambalhota e esparramou-se na pista,
se contorcendo em dores. Viu os adversários o ultrapassarem e deixou a
pista consolado pelos seus companheiros. Pouco importa – Bolt continuará
como o maior de todos os tempos.
O sorriso fácil, a personalidade forte, o carisma e o talento
ganharam a companhia da emoção de Usain Bolt, um dos maiores nomes do esporte
mundial. Hoje, perto de completar 31 anos, o astro jamaicano saiu de cena
após a disputa do revezamento 4 x 100 metros no Mundial de Atletismo de
Londres. Pouco importava a cor da medalha, ou mesmo se ela viria – o que todos
queriam ver era a última vez em que o maior de todos os tempos pisava em uma
pista de forma competitiva.
Omar McLeod, Julian Forte e Yohan Blake tiveram a honra de
competir ao lado de Bolt em sua despedida, no estádio Olímpico de Londres,
palco de suas grandes conquistas na Olimpíada de 2012. Durante a apresentação
dos atletas, os jamaicanos brincaram com o público e fizeram uma rápida
coreografia. No aquecimento, Usain Bolt acenava para todos. A surpreendente
final teve um resultado inesperado. A Grã Bretanha cruzou a linha de chegada em
primeiro com o tempo de 37s47 e bateu um dos favoritos, os Estados Unidos -
prata com 37s52. Assim como nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, o
Japão ficou com a medalha de bronze com a marca de 38s04.
A
despedida das pistas deixou o herói emocionado. Logo após a disputa das
eliminatórias para a final, ainda pela manhã, Bolt disse que não conseguia
externar seus sentimentos. “Não há palavras para descrever como estou me
sentindo. Recebo muito apoio do público e agradeço muito por isso.”
É verdade que esse término não será do jeito que se
imaginava, já que o jamaicano ficou com a medalha de bronze na disputa dos 100
metros, sábado passado, perdendo para os americanos Justin Gatlin (ouro) e
Christian Coleman (prata). Mesmo assim, Usain Bolt é o homem mais rápido da
história. O jamaicano bateu três vezes o recorde mundial dos 100 metros rasos e
também é o recordista dos 200 metros. As duas melhores marcas foram
conquistadas no Mundial de Atletismo de Berlim-2009 – o tempo dos 100 metros é
o de 9s58 e dos 200 metros é o de 19s19. Ambos ainda deverão durar por vários
anos.
A recordação de seus êxitos é inesgotável. Nos 100 metros
ele tem três títulos mundiais (Berlim-2009, Moscou-2013 e Pequim-2015) e três
ouros em Jogos Olímpicos (Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016). Tem mais
quatro títulos mundiais nos 200 metros (Berlim-2009, Daegu-2011, Moscou 2013 e
Pequim-2015), além de uma prata (Osaka-2007). Por sinal, a prova dos 200 metros
rasos é a sua favorita, mas ele decidiu não participar para guardar energia
para os 100 metros e para o revezamento 4 x 100 – o revezamento, inclusive,
traz a única lembrança amarga para Bolt em Olimpíadas. Nos Jogos de
Pequim-2008, o time da Jamaica perdeu a medalha de ouro após Nesta Carter
testar positivo para doping.
Fenômeno raro no esporte, Bolt sai de cena para se juntar à
lendas como Muhammad Ali, Ayrton Senna, Pelé, Maradona, Michael Jordan, Roger
Federer, entre outros. A partir de agora, Bolt vai se recuperar da contusão e
depois deverá seguir para a Alemanha, onde tem marcados testes no
Borussia Dortmund – o jamaicano tem o sonho de se tornar jogador de futebol
profissional. É melhor ninguém duvidar de um dos maiores atletas de todos os
tempos. (Fonte: Estadão)
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